top of page
Buscar
  • Foto do escritorLivia Tiemi

CRÍTICA - FAROL SANTANDER

Atualizado: 13 de mai. de 2019

A visita ao Farol Santander começa muito antes de subirmos o elevador, ao entrar no prédio um grandioso lustre nos recebe, dando uma ideia de como será o passeio e da proporção de sua luxuosidade. A primeira parada é nos andares das "memórias", que contam a história do edifício. Ao chegar no 2º andar somos instruídos a esperar até que o vídeo de introdução termine para que possamos entrar na sala e assistir ele desde o começo. Neste momento esperava um simples vídeo de introdução projetado em uma tela retrátil, em vez disso, o que encontrei foi um vídeo de alta produção, projetado em diversos painéis, em uma sala com teto espelhado, finalizando com imagens ao redor do prédio, a bandeira do estado balançando ao vento enquanto o sol entra pelas suas laterais, com uma trilha emocionante e uma narração inspiradora, foi a melhor propaganda do Santander que eu já vi.


O percurso das memórias termina nas salas da presidências, a primeira sala consiste em uma homenagem aos antigos diretores do banco, várias quadros com bustos de cada um deles estão distribuídos pelo espaço, logo em frente encontramos uma sala com a mesma disposição de quadros, mas dessa vez com os presidentes mais atuais, chegando ao presente diretor. Décadas se passam entre cada busto, placas indicam entre quais anos o homem da vez presidiu, mas o perfil deles continua o mesmo. O edifício mudou muito ao longo dos anos, os presidentes nada mudaram, e devo dizer, nem o seus visitantes. Em uma das salas que nos mostra como o banco funcionava encontramos uma placa que nos conta um pouco sobre os clientes que frequentavam o banco em meados do século XX, "fazendeiros, industriais e comerciantes" é como são definidos, e olhando ao redor, no inicio do século XXI, não houveram tantas mudanças, o perfil dos visitantes, o ingresso pago e o produto cultural oferecido deixam isso bem claro.


Os demais andares abertos ao público atualmente são o 4º andar, com obra de Vik Muniz, que através de suas memórias de infância mostra os arredores do Farol, feito de material reciclado da obra do edifício. Os andares que contém exposições, as da vez são "Deu Liga!", que mostra a diversidade étnica dos jogadores da Champions League, a "Além do Infinito", que contém obras de Serge Salat e Regina Silveira e "Eterna Hebe", que conta a trajetória artística da comunicadora. As obras são intrigantes e engajantes em sua maioria, me surpreende principalmente a"Beyond Infinity" de Serge Salat, que fez uma pequena sala espelhada transcender o espaço e proporcionar uma beleza tamanha. E por fim, o mirante, é claro, acompanhado pelo Café Suplicy. Uma estreita, porém bonita vista da cidade e um preço salgado acompanhado por um misto quente maravilhoso.


A visita ao Farol, apesar de romantizada, vale pelo conteúdo cultural e histórico, o ingresso é pago mas o preço de R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia não chegam a ser um grande absurdo, e mesmo assim, aquele é e provavelmente continuará sendo um espaço classe média típico. As tendencias que motivaram o surgimento do prédio, como a preservação de espaço histórico, a modernização do ambiente e a reforma e inauguração de um item cultural, vêm com consequências arquitetônicas e culturais positivas, e agrada aos que tem acesso ao conteúdo, mas em meio ao centro de São Paulo, do térreo ao 26º andar, ele exala um produto cultural que infelizmente nunca chegará às massas.

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

CRÍTICA - "O SEMEADOR E O LADRILHO"

O livro "Raízes do Brasil", escrito por Sérgio Buarque de Holanda, traz a história do Brasil, desde a época colonial, com a intenção de analisar a situação do país na época em que foi escrito. Consid

CRÍTICA - "PERSPECTIVAS SOBRE SÃO PAULO"

O artigo "Perspectivas sobre São Paulo: o desafio de reconstruir a ordem urbana" traz a tona uma visão diferente de outros meios culturais que venho consumindo sobre o assunto. Produto de uma platafor

bottom of page